segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Polícia procura seis acusados de desmatamento foragidos no PA

Acusados tiveram prisão decretada pela Justiça Federal de Itaituba.
Ibama diz que quadrilha foi responsáveis por desmatamento recorde.



Ezequiel Castanha tem R$ 30 milhões em multas por crime ambiental, segundo Ibama (Foto: Reprodução/ Globo Rural)

Ezequiel Castanha tem R$ 30 milhões em multas
por crime ambiental, segundo Ibama
(Foto: Reprodução/ Globo Rural)

A Polícia Federal do Pará faz buscas paralocalizar seis pessoas que teriam envolvimento com crimes ambientais na região sudeste do estado. Entre os suspeitos está o empresário Ezequiel Antônio Castanha, proprietário de um comércio em NovoProgresso. De acordo com o Ibama, ele tem multas que somam R$ 30 milhões e seria um dos articuladores do esquema criminoso que invadia e desmatava terras públicas em áreas de preservação. Castanha e os demais suspeitos tiveram mandado de prisão expedidos pela Justiça Federal de Itaituba, e são considerados foragidos. Em entrevista ao Globo Rural em junho de 2014, o empresário disse que o desmatamento aconteceria “naturalmente”.
Os crimes foram investigados pela Ministério Público Federal (MPF), Polícia Federal (PF), Receita Federal e Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) durante a operação Castanheira, realizada na última quarta-feira (27) nos estados do Pará, Mato Grosso, Paraná e São Paulo. Oito pessoas foram presas, sendo seis no Pará, uma em Mato Grosso e uma em São Paulo. lém das prisões, foram cumpridos 22 mandados de busca e apreensão e quatro conduções coercitivas
Os seis suspeitos presos no Pará foram levados para Belém, onde aguardam o término das investigações. De acordo com a Polícia Federal, uma mulher está custodiada no Centro de Recuperação Feminino, quatro suspeitos foram levados para o Centro de Recuperação do Coqueiro e o último dos detentos está preso no corpo de bombeiros – ele foi beneficiado com prisão especial por ser advogado. Os suspeitos presos no Mato Grosso e em São Paulo estão custodiados nos respectivos estados. fonte



Entenda o caso
Segundo o MPF, a quadrilha invadia áreas públicas protegidas, como a Floresta Nacional Jiamanxim, faziam queimadas para a formação de pastos. Posteriormente, a área era loteada e revendida a produtores e agropecuaristas (veja vídeo ao lado). Perícias apontam que dano ambiental no município ultrapassa R$ 500 milhões. Caso sejam condenados, os acusados podem cumprir penas de até 56 anos de prisão por crimes ambientais, falsidade ideológica, furto e falsificação de documentos.
De acordo com o diretor do setor de Proteção Ambiental do Ibama, Luciano de Meneses Evaristo, a quadrilha teria sido responsável pelo maior desmatamento da Amazônia de todos os tempos.

G1 PA

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Surto de garimpo destrói floresta e divide índios no Pará

Alimentado pelos preços em alta do ouro, um novo surto de garimpo ilegal está se alastrando com rapidez e gerando destruição numa das últimas áreas de floresta amazônica no sudeste do Pará. Com máquinas pesadas, os garimpeiros avançam por territórios habitados pelo povo kayapó e assediam os índios, que estão divididos quanto à atividade.
Alguns líderes kayapós passaram a tolerar o garimpo em suas terras em troca de um percentual dos lucros. Eles dizem precisar dos recursos para sustentar as aldeias e cobram do governo políticas que lhes permitam abrir mão das receitas.
A atividade, porém, é ilegal, e seu combate compete ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e à Fundação Nacional do Índio (Funai).
Segundo Thaís Dias Gonçalves, coordenadora geral de monitoramento territorial da Funai, a Terra Indígena (TI) Kayapó, em Ourilândia do Norte, é a área indígena do país onde a atividade garimpeira é mais intensa.
A Funai diz que há por volta de 25 frentes ativas de garimpo dentro da TI. O território – que ocupa cerca de 33 mil quilômetros quadrados, área equivalente à de Alagoas e do Distrito Federal somados – é quase inteiramente coberto por mata nativa.
A TI Kayapó convive com surtos esporádicos de garimpo há décadas. Segundo a Funai, porém, a atividade alcançou níveis sem precedentes nos últimos meses.
A BBC Brasil acompanhou uma operação contra o garimpo na área na semana passada. De helicóptero ou avião, veem-se as enormes clareiras com lagos artificiais abertos pelas escavadeiras. Algumas frentes de garimpo têm cerca de 40 quilômetros quadrados, o equivalente a dez campos de futebol. Nos rios que cruzam a terra dos kayapó, cerca de 90 balsas reviram o solo em busca do metal.
Surto de Garimpo (Ibama) 
A Funai diz que há por volta de 25 frentes ativas de garimpo dentro da Terra Indígena
Os agentes do Ibama e da Funai desceram em algumas minas e deram prazo de dez dias para que os garimpeiros deixassem o local. Os órgãos estimam que haja na terra indígena entre 4 e 5 mil garimpeiros, o equivalente a quase um terço do total de índios na área (16 mil). Segundo os agentes, quem ficar será expulso e terá seus equipamentos destruídos.
Moradores da região dizem que o garimpo poluiu os rios e reduziu drasticamente o número de peixes. Para separar e aglutinar o metal, garimpeiros usam mercúrio e cianeto, duas substâncias tóxicas.
“O garimpo é o ilícito ambiental mais grave que o Ibama enfrenta hoje no país”, diz à BBC Brasil o diretor de proteção ambiental do órgão, Luciano de Menezes Evaristo.
Evaristo cita, além da destruição causada pela atividade, suas consequências sociais. “O garimpo traz no seu bojo uma decadência: com ele vêm o tráfico de drogas, a prostituição e a exploração do trabalho infantil.”
O diretor do Ibama afirma que os casos de garimpo no país têm se multiplicado, especialmente no Pará. Segundo Evaristo, outro ponto crítico no Estado é a bacia do rio Tapajós, no oeste paraense, onde há pelo menos 3 mil frentes da atividade.
O diretor do Ibama atribuiu o surto ao bom preço do metal. Considerado um investimento seguro em tempos de instabilidade na economia, o ouro valia cerca de US$ 800 dólares a onça (31 gramas) no fim de 2007. Hoje vale US$ 1.297.

Índios divididos

Na semana passada, a BBC Brasil acompanhou uma reunião na sede da Funai em Tucumã em que o Ibama informou autoridades locais e cerca de 15 líderes kayapós sobre a operação contra o garimpo.
Alguns índios se queixaram da ação e disseram que a atividade ajuda a sustentar suas aldeias. Segundo eles, os garimpeiros pagam às comunidades um percentual de seus lucros.
O cacique Niti Kayapó, da aldeia Kikretum, afirmou que o dinheiro do garimpo tem lhe ajudado a pagar o aluguel de tratores usados na colheita de castanha – atividade que, segundo ele, é a principal fonte de renda de sua comunidade.
“Eu preciso ter alguma coisa para a comunidade. Se vocês (governo) disserem que têm um projeto de 300, 500 mil reais para nós, a gente vai lá e tira os garimpeiros. Mas vocês não têm.”
Garimpo (Ibama) 
 
Surto do garimpo está ligado ao bom preço do ouro, que valorizou nos últimos anos
Houve um bate-boca quando um índio disse que o garimpo em área vizinha à sua aldeia tinha poluído a água usada por sua comunidade. A maioria dos líderes presentes assinou uma carta pedindo que os garimpeiros fossem expulsos da TI.
Na reunião, os índios também pediram às autoridades que pressionassem a mineradora Vale a executar seu plano de compensação por ter implantado uma mina a 34 quilômetros da TI.
Para mitigar o impacto na área da mina Onça Puma, que produz ferroníquel, a empresa se comprometeu, entre outras ações, a construir uma casa de apoio para indígenas em Ourilândia do Norte e financiar projetos de geração de renda nas aldeias.
Segundo a Funai, as ações, que vêm sendo negociadas há quase uma década, custarão cerca de R$ 3,5 milhões. Nesta semana, 70 índios foram à sede da mineradora em Redenção para reforçar a cobrança. Em nota à BBC Brasil, a mineradora disse que o plano começará a vigorar em agosto.
Os índios também cobram da estatal Eletrobrás e do consórcio Norte Energia que cumpram o compromisso de financiar projetos de geração de renda nas aldeias. O acordo é uma contrapartida pela construção da hidrelétrica de Belo Monte, que fica a cerca de 500 quilômetros da TI Kayapó, rio Xingu abaixo.
Aldeia Aukre, do povo kayapó (Ibama)  
 
Moradores da região dizem que o garimpo poluiu os rios e reduziu drasticamente o número de peixes
Em nota, a Eletrobrás afirmou que os projetos devem ser pactuados com os índios até o fim de 2014 e executados a partir de 2015. Serão destinados R$ 1,5 milhão por ano às ações, ao longo de três anos.
Segundo Thaís Dias Gonçalves, coordenadora geral de monitoramento territorial da Funai, somente serão contempladas pelos programas da Vale e da Eletrobrás/Norte Energia as aldeias que não tenham qualquer envolvimento com o garimpo.
Ela afirma, no entanto, que os programas não serão capazes de competir com o garimpo em volume de recursos.
Para Gonçalves, erradicar a atividade na área de uma vez por todas exige um trabalho de inteligência policial, que identifique quem está lucrando com o negócio. “Tanto o garimpeiro quanto o indígena envolvido são parte muito pequena de uma cadeia fortíssima.”
copiado de: http://www.bbc.co.uk

Ibama faz apreensões na comunidade de Cachoeira da Serra.




cachoeira da serra

Após várias apreensões pela região de Novo Progresso, na manhã desta quarta-feira (13/08), foi deslocado uma equipe de fiscais ambientais em companhia da força Nacional para comunidade de Cachoeira da Serra,  localizada as margens da rodovia  Br-163 Km 895 no município de Altamira, aproximadamente 190 km distante do município de Novo Progresso sentido estado do Mato Grosso, para fazer apreensão de equipamentos de mais uma Serraria, a Angeli Madeiras Ltda.
O motivo desta apreensão ainda não foi divulgado pelo Ibama.
Conforme informações os fiscais estiveram durante a semana no pátio da madeireira fazendo inspeção no pátio da madeireira , na mesma oportunidade foi apreendido  em uma vicinal um caminhão de propriedade da “Angeli Madeiras Ltda”,  carregado com madeira em tora, e os fiscais pediram  para ninguém mexer. Mesmo com o pedido dos fiscais ambientais para não mexerem nos caminhões apreendidos o pessoal da madeireira foi lá e retiraram  os caminhões.
Ontem(12/08) o IBAMA passou o dia na Angeli Madeiras e hoje voltou com todo o aparato para apreender e carregar todos os equipamentos da serraria, entre camionetes do IBAMA e FORÇA NACIONAL tinha aproximadamente 10, não temos o conhecimento do total do efetivo que participa desta operação.
A população da Comunidade está reunida no local para não deixar carregar os equipamentos, o clima está tenso.
Nas últimas informações recebidas a alguns instantes já foi carregado e transportado (removido) alguns equipamentos da serraria.
No Ibama de Novo Progresso não foi encontrado ninguém para comentar sobre este assunto até o fechamento desta edição.
Fonte: Redação Jornal Folha do Progresso – Fotos/Informações: Dominik Araújo

segunda-feira, 26 de maio de 2014

“RAMBO” do IBAMA queima 03 caminhões e 01 trator em Cachoeira da Serra

“RAMBO” do IBAMA queima 03 caminhões e 01 trator em Cachoeira da Serra, distrito de Altamira no Pará e população se revolta. No ultimo dia 21/05/2014, terça-feira, uma equipe do IBAMA comandada por “Rambo do IBAMA” juntamente com sua equipe apreenderam 03 caminhões e 01 trator em Cachoeira da Serra. Segundo relato dos proprietários e motoristas que estavam no local, todos assinaram as notificações para comparecer na sede do IBAMA em Novo Progresso. E após as notificações, os motoristas foram obrigados diante de ameaças de arma de fogo a retirar todo o óleo lubrificante do carter dos caminhões e trator e deram partida até travar os motores. Foram escoltados até saírem em uma vicinal e receberam a ordem para começarem a andar sem olhar para traz. Há 02 km de distância avistaram fumaça e fogo nos caminhões. Diante do abuso de autoridade por parte dos fiscais do IBAMA, a população se revolta e em carreata se dirigiram até o distrito de Castelo de Sonhos, para pedir explicações para a equipe do IBAMA e para o comparecimento do responsável pela operação que incendiaram os caminhões. Populares exaltados e a polícia acuada por centenas de moradores houve princípio de desentendimento, mas após muitas negociações e a promessa que o “RAMBO” voltará com toda equipe do IBAMA à Cachoeira da Serra para dar as devidas explicações para a população. Caso o “RAMBO” não compareça e não for penalizado pelos seus atos de vandalismo a população irá trancar a BR 163 até que apareçam os responsáveis pela operação.




terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

A cada 100 índios mortos no Brasil, 40 são crianças

Saúde oferecida aos índios está em patamar muito inferior à do resto da população

Cerca de 40% de todas as mortes entre índios brasileiros registradas desde 2007 foram de crianças com até 4 anos. O índice é quase nove vezes maior que o percentual de mortes de crianças da mesma idade (4,5%) em relação ao total de óbitos no Brasil no mesmo período.
Um levantamento da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) obtido pela BBC Brasil por meio da Lei de Acesso à Informação revela que indicadores da qualidade do serviço de saúde prestado aos índios estão em patamar muito inferior aos do resto da população.
Os dados detalham todas as mortes de índios registradas desde 2007 em cada um dos 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI), que englobam uma população de cerca de 700 mil índios. As informações de 2013 estão incompletas.
O levantamento mostra que nos últimos sete anos 2.365 índios morreram por causas externas (acidentes ou violência), dos quais 833 foram vítimas de homicídio. Outras 228 mortes por lesões não tiveram sua intenção determinada. Não há informações sobre a autoria dos crimes.
O DSEI Mato Grosso do Sul responde pelo maior número de assassinatos de índios: 137 nos últimos sete anos. Na reserva de Dourados, área indígena visitada pela BBC Brasil, moradores evitam circular à noite por medo de ataques.
Delmira Cláudio, índia guarani kaiowá, teve três filhos assassinados dentro da reserva, todos com menos de 30 anos. Líderes da comunidade atribuem a violência à inoperância policial, ao aumento de moradores não índios e à venda de álcool dentro da reserva.
Os suicídios, por sua vez, foram a causa de 351 mortes de indígenas desde 2007. A região do Alto Solimões, no oeste do Amazonas, registrou mais casos, 104.
Líderes da comunidade atribuem a violência à inoperância policial, entre outros fatores

Um artigo recente da pesquisadora Regina Erthal apontou como principal causa para o fenômeno, comum entre o povo ticuna, o acirramento de conflitos que têm como base “o abandono a que tal populac¸a~o tem sido submetida pelos o´rga~os responsa´veis pela definic¸a~o e implementac¸a~o das poli´ticas pu´blicas”.
Caso fosse um país e levando em conta os dados de 2012, o DSEI Alto Solimões teria a segunda maior taxa de suicídios por habitante do mundo, 32,1 por 100 mil, atrás apenas da Groelândia. O índice entre os índios brasileiros é de 9 suicídios por 100 mil e, no país, 4,9.
Comparações entre os padrões de morte dos índios e dos demais brasileiros em 2011, último ano em que há dados gerais disponíveis, revelam outras grandes discrepâncias.
Enquanto entre os índios as mortes se concentram na infância e só 27,4% dos mortos têm mais de 60 anos, na população geral os com mais de 60 respondem por 62,8% dos óbitos.
Nas últimas décadas, avanços no sistema de saúde reduziram as mortes por doenças infecciosas e parasitárias entre os brasileiros para 4,5% do total. Entre os índios, o índice é de 8,2%.
Hoje quase a metade das mortes no Brasil se deve a doenças mais complexas e difíceis de tratar: problemas no aparelho circulatório (30,7%) e câncer (16,9%).
Já entre os índios doenças respiratórias, como gripes que evoluem para pneumonia, ainda são a principal causa de morte (15,3%). Cânceres respondem por apenas 2,9% dos óbitos entre indígenas.
Muitos padecem de doenças respiratórias

Desde o fim de janeiro, a BBC Brasil espera a resposta a um pedido de entrevista com o secretário Especial de Saúde Indígena, Antônio Alves, para tratar das informações que embasam esta reportagem.
Questionamentos à secretaria sobre as mortes de crianças e as ações para combatê-las foram ignorados, apesar de numerosos e-mails e telefonemas.
A BBC Brasil ainda tentou tratar dos temas com o novo ministro da Saúde, Arthur Chioro, e com o ex-ministro Alexandre Padilha, responsável pela pasta entre 2011 e o início deste ano. Os pedidos de entrevista foram igualmente recusados.
Para o médico Douglas Rodrigues, especialista em saúde indígena da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), a alta mortalidade entre crianças mostra que atendimento a índias gestantes e recém-nascidos ainda deixa muito a desejar.
Ele diz que as mortes de índios por doenças infecciosas têm duas razões principais: a maior vulnerabilidade de alguns grupos mais isolados a essas doenças e falhas na assistência médica.
“O mais grave é que essas doenças são evitáveis. Não dá para aceitar que em pleno século 21 tantos índios morram por doenças infecciosas.”
O professor diz que, nas últimas décadas, houve grandes avanços nos serviços de saúde para os índios. Em 1999, a União assumiu a responsabilidade pela saúde indígena, que passou a ser gerenciada pela Funasa (Fundação Nacional de Saúde).
Em 2010, com a criação da Secretaria Especial da Saúde Indígena (Sesai), subordinada ao Ministério da Saúde, as ações passaram a ser geridas por um órgão exclusivamente voltado aos índios.
No entanto, segundo o professor, a acelerada melhora nos índices verificada até o início da última década praticamente se interrompeu.
Ele cita os dados de mortalidade infantil entre os índios. Segundo uma apresentação da Sesai, a taxa despencou de 74,6 para mil nascidos vivos, em 2000, para 47,4, em 2004. No entanto, de 2004 a 2011, o índice diminuiu em velocidade bem menor, para 41,9.
No Brasil, a mortalidade infantil em 2011 foi de 15,3. E diferentemente do histórico entre os índios, o índice nacional segue baixando em ritmo uniforme.
“Saiu-se de uma situação de quase desassistência aos índios e foi se aumentando o número de pessoas e lugares em que há profissionais, o que teve um impacto muito grande. Mas depois de 2005 houve uma estabilização, o que é preocupante”, diz Rodrigues.
“Agora é o momento de fazer um ajuste fino, de melhorar a qualidade”.
Por: João Fellet
Fonte: BBC Brasil

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Belo Monte ameaça maior sítio de desova de tartarugas da América do Sul

O maior sítio de desova de quelônios da América do Sul corre o risco de deixar de existir em razão da construção da UHE Belo Monte.  A sobrevivência das tartarugas da Amazônia (Podocnemis expansa) está ameaçada

Tartarugas chegam ao Tabuleiro do Embaubal para depositar seus ovos nas praia do baixo Xingu. Foto: WWF
O maior sítio de desova de quelônios da América do Sul corre o risco de deixar de existir em razão da construção da UHE Belo Monte. A sobrevivência das tartarugas da Amazônia (Podocnemis expansa) está ameaçada.
A apenas 10 quilômetros de distância do canteiro de obras da que pretende ser a terceira maior usina hidrelétrica do mundo, está o Tabuleiro do Embaubal, no rio Xingu, entre os municípios de Senador José Porfírio e Vitória do Xingu (80 km de Altamira). Todos os anos as tartarugas aparecem. Entre os meses de setembro e novembro, quando o rio está no período de estiagem, elas chegam aos montes a esta praia que se forma na cabeceira do rio, conhecida como tabuleiro.
Numa área de não mais do que três campos de futebol, 20 mil tartarugas da Amazônia buscam abrigo para reproduzir. O espaço é concorrido, são 3 hectares onde a maior tartaruga de água doce da América do Sul – que chega a medir 70 cm de comprimento e a pesar 25 kg – escolhe como sítio de reprodução e coloca em média 120 ovos.
Um fenômeno, para muitos emocionante, que começa a dar seus frutos no início de dezembro – após o período de incubação que leva entre 45 e 55 dias– quando começa a temporada dos nascimentos.
Hidrovia no rio Xingu
Essa espécie natural da bacia amazônica passou rapidamente da categoria de “pouco conhecida” para “ameaçada”. A espécie é utilizada como fonte de recurso há séculos por ribeirinhos tanto para alimentação como para produção de óleo. Antes da energia elétrica, o óleo de tartaruga era usado para iluminar as cidades da Amazônia. Agora o perigo é outro.
“Embarcações e grandes balsas passam pela rota de onde as tartarugas cruzam para chegar ao tabuleiro. Aquela região do Xingu tem sofrido um impacto muito grande dessa obra. O impacto é direto, não é indireto como fala o EIA/Rima (Relatório de Impacto Ambiental)”, disse a ((o))eco Luiz Coltro, do Programa Amazônia da Rede WWF-Brasil, que defende a criação de duas unidades de conservação na região para proteger esta espécie de tartaruga.
O Tabuleiro do Embaubal reúne mais de cem ilhas no trecho final do rio Xingu e, com a inundação de áreas como a Volta Grande em decorrência da UHE de Belo Monte, a barragem poderá reter sedimentos e matéria orgânica apodrecida, importantes para conservar as praias do Embaubal, principal área onde esta espécie de quelônio desova.
“Os grandes tabuleiros que concentravam milhares de tartarugas sumiram, não há mais esse fenômeno na Amazônia. O Embaubal é um remanescente daquilo que se encontrava em termos de tabuleiro, é o maior da bacia amazônica em atividade”, argumentou Coltro.
Um dos impactos diretos sobre a área de desova das tartarugas da Amazônia é a hidrovia que liga Belém – Porto de Moz – Vitória do Xingu. “Nessa hidrovia, temos detectado uma quantidade enorme de cascos de tartarugas destruídos pelo impacto de hélices de barcos, rebocadores e balsas gigantescas que passam na frente do tabuleiro, bem na rota por onde as tartarugas cruzam”, comentou.
Segundo o analista de conservação, além do aumento de casos de atropelamento das tartarugas, o volume de vazamento de óleo diesel no rio Xingu tem sido identificado com frequência. “Em determinadas épocas do ano o rio tem uma coloração diferente”.
Há cerca de dois anos, um novo fenômeno foi observado, por não encontrarem lugares seguros para a desova, as tartarugas soltam os ovos em pleno rio. “A tartaruga precisa de um lugar tranquilo, ela observa durante dias o tabuleiro para ter certeza de que aquele lugar oferece segurança para colocar os ovos. O processo todo leva quatro horas. Nessa época do ano, a gente evita ao máximo andar pelo tabuleiro. Mas com o fluxo descomunal de embarcações gigantes que carregam caminhões, a tartaruga simplesmente solta os ovos na água. É uma estratégia de autopreservação”, explicou.
Menos peixe
Desde o início das obras da hidrelétrica, foi observado um forte avanço de grilagem e invasão de terras em matas ribeirinhas no rio Xingu, sem contar a sobrepesca na região.
“A pesca está muito além da capacidade. Os pescadores da região estão reclamando que há anos pescavam cerca de 120 kg de peixe e, hoje, não pescam mais que 30 kg. Cada vez mais está escasseando peixe no rio”, lamentou.
A área do Embaubal, segundo Coltro, já teria sido inclusive alvo de estudos do Ministério de Meio Ambiente que reconhecera esta como uma área prioritária para conservação pela diversidade biológica que abriga e por sua importância socioeconômica, incluindo seu potencial turístico.
O Tabuleiro do Embaubal e suas ilhas adjacentes foram ainda objetos de amparo legal do Macrozoneamento Ecológico-Econômico do Estado, com proposta para criação de uma unidade de conservação do grupo de proteção integral (Lei nº 6.745/ 2005). O programa de Áreas Prioritárias para Conservação, Uso Sustentável e Repartição de Benefícios da Biodiversidade Brasileira classificou a região como prioridade de ação em categoria extremamente alta, com ocorrência de espécies ameaçadas, endêmicas e migratórias.
Duas novas Ucs
A expectativa, aponta o analista de conservação, é que neste primeiro semestre de 2014, poderão ser oficializadas a criação do Refúgio de Vida Silvestre (Revis) de proteção integral das cerca de 20 mil tartarugas da Amazônia (Podocnemis expansa) e a Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS).
As duas Ucs estaduais somam 27 mil hectares e estão localizadas próximo ao pequeno município de Senador José Porfírio, no Pará, com apenas 13 mil habitantes.
Estas unidades representam duas categorias com regimes de utilização diferentes, explica Coltro. “Queremos dotar a região com políticas de conservação, mas ainda não conseguimos mecanismos financeiros para perpetuar estas ações”.
Enquanto o Revis é uma categoria recomendada para espécies que tenham ameaçado o seu sítio de reprodução e se destina à proteção da biodiversidade encontrada na região; a RDS é uma zona do entorno do refúgio de vida silvestre e reúne as ilhas do rio Xingu, assim como parte da comunidades que vivem à beira do rio e desenvolvem a pesca como principal atividade econômica.
Um dos potenciais da região identificados é o conjunto de cavernas e sítios arqueológicos que indicam aqueles territórios como áreas habitadas por grupos indígenas no passado.
No dia 28 de novembro de 2013, cerca de 300 moradores do pequeno município de Senador José Porfírio aprovaram em uma consulta pública a criação destas duas unidades. A consulta corresponde a uma etapa posterior à elaboração de estudos ambientais, socioeconômicos e fundiários, que tem sido realizada desde 2009.
Teve início agora em janeiro a fase de elaboração do parecer técnico por parte da Secretaria Estadual de Meio Ambiente do Pará (SEMA) para embasar a redação da minuta do decreto que cria as Ucs. E, em seguida, o texto será encaminhado à mesa do governador do Estado para assinatura.
“A criação de Ucs tem algumas fases que são gargalos, a gente está na parte delicada. Vamos para a vontade política, a vontade social já tivemos. Até fevereiro, a minuta de decreto chegará à mesa do governador”, comentou Coltro esperançoso de que em março sejam anunciadas as duas unidades.
O analista lembrou ainda que o estado do Pará se comprometeu na criação de 60 milhões de hectares de Ucs e conta, atualmente, com 42 milhões de hectares de áreas protegidas.
Após a fase de acompanhamento político e de criação das Ucs, terá início a etapa de implementação destas áreas protegidas com pesquisas, elaboração do plano de manejo, criação do conselho gestor e organização das atividades de turismo na região.
Em nota divulgada em dezembro de 2013, a Norte Energia, consórcio responsável pelas obras de Belo Monte, informou que apoia a criação de Ucs nas praias do arquipélago do Tabuleiro do Embaubal, no sudoeste paraense.
“A iniciativa faz parte do Plano de Conservação de Ecossistemas Aquáticos executado pela Norte Energia (…) que mantém equipes de pesquisadores no local. Para atender ao trabalho de monitoramento dos berçários e dar suporte à elaboração de estudos, a empresa construiu uma base de apoio, com alojamentos e acesso à internet”, informou o comunicado.

Fonte: O ((eco))
http://www.youtube.com/watch?v=mqNqdKjDmuY 

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Ibama devolve 55 macacos-prego ao ambiente natural

O Ibama realizou, entre os dias 21 e 22 de janeiro, a soltura de 55 macacos-prego. Os animais deixaram o cativeiro onde viviam, alguns há mais de dez anos, no Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) do Ibama, em Seropédica, Rio de Janeiro. Eles foram levados para Guadalupe, no interior do Piauí e reintroduzidos no ambiente natural de ocorrência da espécie, em ilhas formadas pelo lago da Usina Hidrelétrica da Boa Esperança.
http://www.ibama.gov.br/images/noticias_ambientais/janeiro2014/projeto_sapajus_foto_rvasconcellos_250114_rvas1054.jpg
Segundo a analista do Ibama e médica veterinária, Taciana Sherlock, desde setembro do ano passado, técnicos do Instituto se mobilizaram para que todas as condições necessárias ao transporte fossem atendidas. “Há quatro meses estamos trabalhando na montagem da logística pra levar esses animais, na reabilitação pra soltura. Eles passaram por exames de saúde pra avaliar a presença de doenças como tuberculose, raiva, herpes. Foi feito todo preparo pra levá-los de volta pra natureza”, diz.
A soltura faz parte do Projeto Sapajus (Macaco-prego), do Ibama, iniciado em 2009, na Paraíba, que destina animais dessa espécie para ilhas, que limitam o espaço de convivência, criando um ambiente de semiliberdade. Um dos idealizadores, o analista do Ibama e médico veterinário Paulo Wagner, relata que, com essa, já somam mais de 15 solturas, totalizando 250 animais devolvidos à natureza. Paulo diz que a opção por ilhas em áreas de proteção ambiental tem o objetivo de proporcionar um ambiente mais seguro para os animais. “Ali é um local em que eles têm mais tranquilidade, mais segurança, sem predadores. Depois de muito tempo vivendo em celas, eles vão viver um bom tempo nessas ilhas, num ambiente natural de novo”, diz.
Os animais serão monitorados durante três meses para avaliar a adaptação ao local. Segundo Paulo Wagner, como eles não estão acostumados com a vida selvagem,  passam por um período de experimentação, mas reaprendem a sobreviver de forma natural. Ele diz ser importante que esses macacos não tenham mais contato com humanos. “Algumas pessoas acham que os animais vão passar fome porque nas ilhas não há frutas, mas, na verdade, na natureza eles não se alimentam de frutas, eles comem folhas, sementes, raízes, ovos, insetos, essa é a alimentação natural deles, é importante que ninguém interfira”, afirma.
http://www.ibama.gov.br/images/noticias_ambientais/janeiro2014/projeto_sapajus_foto_rvasconcellos_250114_rvas0998.jpg
Parcerias com órgãos públicos e empresas privadas foram fundamentais para o sucesso do trabalho. Para enfrentar o trânsito de Seropédica até o Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, quatro carros do Ibama, que transportavam as 11 caixas com os animais, foram escoltados pela Polícia Rodoviária Federal. A empresa TAM Cargo cedeu espaço para o transporte das caixas em três voos comerciais que foram do Rio de Janeiro à Teresina. E a Força Aérea Brasileira realizou o restante do trajeto de 300 km até o Aeroporto da Companhia Hidroelétrica do São Francisco (Chesf) em Guadalupe.
Os Centros de Triagem de Animais Silvestres são locais especializados em receber, identificar e fazer a destinação apropriada de animais provenientes de resgates, apreensões do tráfico e de entregas voluntárias da população. O Ibama possui 23 Cetas em todo o país. Segundo o analista do Ibama e médico veterinário, Daniel Neves, a primeira opção de destinação de animais é a soltura, mas em alguns casos isso não é possível. “A gente sempre tenta dar prioridade à devolução dos animais pra natureza. Em casos de isso não ser possível, procuramos outros locais, como criatórios ou zoológicos, locais onde podemos colocar esse animal na melhor situação possível, já que ele não pode retornar para o ideal, que seria o habitat dele”, diz.
Vinícius Mendonça
Ascom/Ibama
Fotos: RVasconcellos